domingo, 23 de janeiro de 2011

Kings Cross e a segurança de Sydney

Quando voltávamos da praia, neste sábado, estávamos decididos a sair à noite para encontrar alguma festa. Antes de entrarmos no prédio, passamos por um vizinho que ainda não conhecíamos. Ele deixou sua bicicleta na calçada, junto ao muro do prédio, e subiu. Após a janta, eu, Murillo e Dudi descemos rumo à estação e a bicicleta continuava solta na calçada. Me perguntei como ele poderia confiar tanto que voltaria a andar em sua bicicleta. Seguimos nosso caminho, finalmente conheceríamos Kings Cross. Nesse bairro, encontraríamos a melhor concentração de boas festas, segundo o que ouvíamos desde que chegamos. Outra fama de Kings Cross é a de ser a região mais perigosa de Sydney. São de lá os maiores índices de violência e de tráfico de drogas da cidade.

Pegamos o segundo trem e nos perguntamos se saberíamos chegar à Darlinghurst Road, rua onde rola a movimentação noturna. Porém, não tivemos problemas. Ao saírmos da estação, nos vimos mergulhados em um mar de luzes neon e de pessoas de todos os estilos circulando. Só podia ser lá. O próximo desafio seria encontrar um bom lugar para entrarmos. Na rua, víamos punks, patricinhas, asiáticos estranhos e prostitutas. Havia também um Mc Donald's em meio às danceterias, às bottle shops (estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas) e, claro, aos vários prostíbulos nada discretos. Daqui a pouco volto a falar sobre eles.

Queríamos encontrar uma festa em um lugar legal, com boa música e gente bonita. Pedimos sugestões a algumas pessoas, até que decidimos entrar no The Bank. Encontramos a boa música em um ambiente muito legal. O ruim, no entanto, é que tinha muita gente bonita. Não havia problema por serem bonitas, mas por serem muitas. A casa estava lotada e muito quente. Dançando, logo começamos a sentir cansaço, também por consequência do dia cansativo na praia. Apesar disso, os $20 que pagamos nos estimulavam a tentar aproveitar mais. Curtimos mais um tempo, mas logo descobrimos que poderíamos sair para a rua e depois retornar.

The Bank
Fomos para a rua respirar um pouco e ver o que mais havia por perto. Ficamos surpresos com a naturalidade com que pessoas de todos os tipos e níveis sociais circulavam em meio aos assédios de prostitutas e dos gerentes das "casas para adultos". Não demorou muito para sermos convidados a entrar em um desses lugares. Definitivamente não aceitaríamos, não tínhamos interesse. Afinal, ainda voltaríamos à festa e não tínhamos dinheiro para gastar. No entanto, por curiosidade, deixamos o cara nos abordar. O sujeito cobrou $25 por pessoa para assistir a um show de striptease. Falamos que não queríamos gastar muito dinheiro. 

- Então 15 para cada um - ele ofereceu.
- Infelizmente não podemos gastar tudo isso apenas por um show, o que mais tem lá dentro? - retruquei por pura especulação.
- Se vocês quiserem massagem ou atendimento particular completo, vocês terão de negociar com as garotas lá dentro. Mas, me digam, quanto vocês tem?- respondeu o gerente.
- Não muito - afirmei esperando descobrir até onde isso iria.
- Ok, 20 dólares pelos três, ou não tem negócio - o cara já perdia a paciência. Vi que aquele era o limite.
- Deixa para outra então, temos que arranjar mais grana. Thanks - encerrei a negociação.

O mais instigante ocorreu ainda durante o diálogo, quando vimos um grupo de sete meninas entrar naquele mesmo estabelecimento, cujo alvo principal era, explicitamente, o público masculino. Eram umas patricinhas, visivelmente menores de idade. Logo em seguida, outras garotas saíram pela mesma porta! Nos perguntávamos o que tantas garotas fariam por lá como clientes. Frequentariam o lugar por curiosidade ou realmente gostavam de assistir aos shows? Ou pior, será que faziam algo além de assistir ao show?

Movimentação noturna na Darlinghurst Road
Voltamos para a festa sem matar a dúvida e curtimos o resto da noite. Retornamos para casa com uma impressão positiva de Kings Cross, apesar da diversidade extrema do lugar e do choque cultural que isso nos causou. Não faltam festas boas nem gente bonita. A fiscalização era falha em relação à presença de menores nos prostíbulos, mas, pelo menos, a segurança estava ok, não faltavam policiais em canto algum. O que os australianos consideram um lugar violento está longe de ser como os que estamos acostumados a frequentar no Brasil. Como sempre, não custa ter os cuidados básicos, mas podemos sim andar tranquilamente por Kings Cross. Se aquele é o lugar mais perigoso da cidade, como seriam todos os outros? 

Estou realizando o sonho de poder andar por qualquer lugar e a qualquer hora sem me preocupar. Isso é uma das coisas que mais me encantam aqui. Ah, quando chegamos em casa, a bicicleta do vizinho continuava na calçada. Quando vi novamente a bicicleta, dessa vez de madrugada, ali na frente, ainda solta, eu já compreendia melhor o motivo de tamanha confiança do vizinho.

4 comentários:

  1. King´s Cross é uma área bem divertida ... Quando retornar aproveite e conheça também os 'prostíbulos' ... conheci pessoas interessantes por lá numa ocasião ...

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  2. Como assim pelo três? E os outros ficaram aonde?

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  3. Éramos três naquela noite, apenas eu, Murillo e Dudi fomos a Kings Cross. Não sei se um dos prostíbulos seria a melhor opção por lá, talvez eu prefira conhecer pessoas em lugares como o The Bank, mas valeu a dica!

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  4. Olha, a razão exata por essas garotas entrarem nos shows de strip não sei, só sei que quando eu passei em Darlinghurst com vários amigos homens os donos da casa nos abordavam e falavam que mulher entrava de graça, e ficavam repetindo e repetindo que o lugar era "girl friendly". Vai ver elas aproveitam por ser uma espécie de "balada" gratuita...

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