quarta-feira, 29 de junho de 2011

A melhor e mais simples receita para o inverno

Acredito ter conhecido o prazer gastronômico supremo. Não é algo complexo, caro ou inacessível. Tampouco é um daqueles pratos chiques, requintados e servidos em quantidades mínimas. Bastou a criatividade de alguma mente brilhante hoje desconhecida. Sempre considerei o chocolate como a maior fonte de prazer quando se trata de paladar. Depois de ter passado por tamanha experiência, tirei qualquer possibilidade de esse título ser perdido para qualquer tipo de lasanha ou sorvete. Essa receita já tem alguma fama, mas, assim como era o meu caso até uma semana atrás, tenho certeza que ainda é desconhecida por muita gente. Por isso, faço questão de passá-la para quem ainda não experimentou.

Era uma quarta-feira, quase onze horas da noite. O frio do inverno de Sydney acompanhava a mim, João e Michel após o trabalho. Íamos à casa de alguns amigos, local de encontro quase diário da turma. Passaríamos mais uma madrugada conversando e rindo enquanto o frio tomaria conta das ruas da cidade. Como também já era costume, compramos o inigualável chocolate quente feito com chocolate derretido do Coco Cubano, café vizinho à nossa churrascaria. Foi aí que Michel tocou no assunto que faria nossa noite mudar.


- Vocês já experimentaram Tim Tam com café ou leite quente? - questionou, já empunhando seu copo de chocolate.


Tim Tam é um biscoito muito popular na Austrália. Cremoso E crocante. Recheado E coberto por chocolate. Para mim, não é apenas um biscoito; sempre considerei o Tim Tam como o meio termo entre biscoito e bombom. Michel garantiu que não seria apenas comer o Tim Tam enquanto bebíamos o chocolate quente, seria a combinação perfeita entre o sólido e o líquido. Fomos ao mercado comprar quatro pacotes do biscoito antes de ir à estação.


Concordamos em sentar para fazer a tal experiência. Michel ensinou os passos que deveríamos seguir. Teríamos que quebrar duas pontas opostas do retângulo formado pelo Tim Tam. Uma das pontas teria de ser mergulhada no chocolate quente enquanto a outra ficaria na boca. O Tim Tam seria uma espécie de canudinho. Deveríamos sugar o chocolate quente pelo biscoito. Quando sentíssemos que o líquido estava chegando até a boca, deveríamos colocar o Tim Tam inteiro na boca.

Seguimos as instruções. Antes mesmo de o Tim Tam entrar inteiramente na boca, o processo de derretimento, provocado pela elevada temperatura do líquido, já havia começado. Porém, foi quando o biscoito entrou na boca que chegamos ao ápice do prazer. Os sabores do chocolate quente e de cada uma das camadas do biscoito se uniram em uma única calda quente. Foram 7 segundos de prazer extremo degustando cada etapa do derretimento do Tim Tam, que, multiplicados pelo número de biscoitos comidos, resultaram em bons minutos de degustação para cada um. Nada na minha vida jamais havia se comparado a aquele sabor. Engolir uma dose daquela calda obrigava-nos a comer mais um, outro e outro... Chegamos ao nosso destino ansiosos para contar a novidade para os amigos. Daquela vez não havia sobrado chocolate quente, mas não faltarão oportunidades para compartilhar tamanho sabor com o restante do grupo até o final da estação.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Segundo semestre, segundo começo

Depois das tão sonhadas férias e de muita história para contar, volto a Sydney. Com o procedimento de renovação do visto encaminhado e com o novo curso marcado para o meio de julho, posso reiniciar a minha "vida" tranquilamente. Terei duas aulas por semana em um curso de business. Com isso, cinco manhãs por semana estarão vagas. A intenção era encontrar um segundo emprego para ter uma grana extra em algumas dessas manhãs. No entanto, uma boa oportunidade na churrascaria talvez acabe com a ideia de preencher esse tempo livre com um segundo emprego. O churrasqueiro número um, grande amigo e professor da arte de assar, André, saiu do restaurante e passou o cargo para mim. Logo de cara, recebi uma grande responsabilidade e uma bela chance de me firmar em um único emprego, caso tudo ocorra normalmente.

De fato, o segundo semestre será novo, praticamente um recomeço. Os planos e objetivos mudam, alguns grandes amigos já não estão mais presentes, o início de um novo curso se aproxima e a busca por um novo lugar para morar se intensifica, já que eu e Nick estamos decididos a dividir um quarto novamente. Essa vida de novidades e de incertezas me instiga, me dá vontade de experimentar as possibilidades e de seguir mudando de rotina. Ao mesmo tempo, não posso negar o sentimento quase angustiante de querer saber o que vem pela frente, de conferir se tudo dará certo e se o futuro atingirá as expectativas. O ideal é por os pés no chão e não pensar tanto no futuro para ser capaz de aproveitar o presente com mais intensidade. Por enquanto tem funcionado.

Ainda tenho que ver como ocuparei minhas manhãs. Não posso simplesmente descansar. Afinal, tenho apenas mais seis meses para aproveitar esse país da melhor forma possível e ter muita história para contar para vocês. Aliás, as férias devem render posts interessantes...