segunda-feira, 30 de maio de 2011

As grandes férias

Tem gente que fala que eu vim para a Austrália para tirar férias, que vim só curtir e deixar a vida séria de lado, lá no Brasil. Vim mesmo. Claro que nem tudo é tão fácil, arranjar emprego e estudo, se virar sozinho, fazer dinheiro, providenciar casa, comida e roupa lavada. Apesar dessas coisas que fazem parte, o meu ano tem sido como férias mais longas. Nem por isso, no entanto, esse período não é produtivo. Objetivos incomparáveis de experiências, relacionamentos e troca de culturas fazem dessas as férias mais positivas que se pode ter. Pois semana passada acabou meu curso. Como era previsto, o primeiro semestre teria cinco meses de estudo e um de férias. São as férias das férias! Para fazer justiça ao valor que esse período merece receber, programei com meus amigos a grande aventura de nossa viagem. Vamos decolar para alguns dos destinos mais procurados por quem vive essa experiência de viver na Austrália. Eu, Murillo, Dudi e Leonel vamos a Bali e à Tailandia, e o dia de partir é hoje.

A ansiedade vem crescendo desde o dia em que cogitamos fazer essa viagem em uma tarde de abril na casa do Leonel. Sabíamos da fama desses destinos como os locais ideais para quem procura praias paradisíacas e muita festa. Para melhorar ainda mais, tudo é muito barato na Indonésia e na Tailandia. Com poucos meses de trabalho poderíamos nos virar muito bem por lá. Fomos juntos à agência de turismo para dar os primeiros passos, descobrimos os destinos mais interessantes, planejamos as datas (de 31 de maio a 17 de junho), encontramos os hoteis que se encaixavam naquilo que procurávamos e começamos a fechar a grande viagem. Bali, Phuket e Koh Phangan (os dois últimos na Tailândia) são os destinos confirmados, mas ainda temos algumas noites em aberto para podermos trocar de rota.

Normalmente quem sai para o exterior abre uma conta no Visa Travel Money. Essa é a opção mais recomendada para não levar muito dinheiro em mãos e ter cartão de crédito disponível em qualquer lugar, já que ele faz a conversão da moeda automaticamente de acordo com a sua localização. As tarifas do cartão australiano fora do país são muito altas. Então a opção foi fazermos um novo VTM que pudesse ser carregado com a nossa grana aqui da Austrália (apenas uma conta está autorizada a carregar o VTM, por isso o nosso antigo cartão VTM não seria útil). Outro momento em que se pode poupar dinheiro é na hora de escolher a empresa aérea, algumas companhias que só vendem tickets online tem um preços muito reduzidos, é o caso da Air Asia e da Bangkok Airways. Essas empresas, porém, não tem um atendimento tão bom e oferecem um risco maior de atraso ou cancelamento de voôs. Recomendaram que fizéssemos os voos de maior distância (Sydney-Bali e Phuket-Sydney) por uma agência maior, a Malaysia Airlines. Os voos mais curtos, então, fechamos pelas outras empresas.

Grandes parceiros que chegaram junto comigo na Austrália voltarão ao Brasil assim que esta próxima viagem acabar. Murillo e Leonel, que dividiram as experiências mais intensas de nossas vidas nos últimos meses, terão, nas próximas semanas, a oportunidade ideal para fechar com chave de ouro. Companhias perfeitas nos últimos meses e ideais para uma aventura como a que está por vir. Companhias que farão falta nos próximos meses. Melhor deixar o pensamento da despedida para depois, até lá temos muita coisa pra viver.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Conversas noturnas no novo endereço

Tenho um endereço novo pela terceira vez em quatro meses. Sem grandes motivos, decidi mudar de apartamento e foi hoje que tudo ocorreu.

O desafio seria ter tempo para tudo. Eu deveria juntar todas as minhas coisas e levar para o novo apartamento entre o final da aula e o início do trabalho. Eram três horas e meia quando eu cheguei em casa. Às 16h30 eu deveria estar a caminho do trabalho. Uma hora talvez não fosse o suficiente para fazer tudo, mas acreditei que me apressando tudo correria bem.

Impressionantemente, em 20 minutos tudo estava junto à porta, nem era necessária tamanha rapidez. A dona do apartamento já estava me esperando. Faltavam menos de 40 minutos para ir para o trabalho. Andamos pouco mais de uma quadra até chegar ao novo prédio. Eu não pensava em como seria a minha cama, o meu quarto novo, se teria piscina e academia como na acomodação anterior ou se haveria espaço suficiente, até por que sabia que era do mesmo estilo do outro. O que eu realmente queria era saber quem seriam as pessoas com quem eu moraria. Eu já havia ouvido falar sobre as tais francesas do apê. Seriam três, além de uma brasileira e de três poloneses. Alguns deles estavam prestes a se mudar, seriam as tais possíveis beldades francesas, ou os não tão importantes colegas de quarto poloneses? Isso sim me importava.

Não tive tempo para descobrir antes de ir trabalhar. A dona do apartamento apenas pode mostrar-me o quarto, o banheiro e essas coisas que a mim não importavam muito. Ninguém em casa. Já era hora de sair, à noite talvez conhecesse meus novos colegas de apartamento.

Após dezenas de espetos, picanhas e pães com alho, voltei para casa, a nova. Conheci os poloneses, simpáticos e prestativos, porém um tanto frios. Falei com a brasileira, Mariana, e seu namorado gringo, Daniel. Não precisou muito papo para perceber que são gente boa. As tais francesas, entretanto, ainda não estavam presentes.

Quase à meia-noite, chegava uma delas, Melissa. Naturalmente contamos durante longo tempo nossas histórias recentes. Morava perto da Espanha, estava na Austrália há cinco meses e também era recém chegada a esta acomodação. Apesar de ser filha de brasileira com australiano, não falava português nem conhece o Brasil.

Depois de uns 40 minutos conversando, entre bocejos de jovens trabalhadores cansados, foi dormir. Voltei a atenção para este texto, quando chegou mais uma através da porta.

- Oi, tudo bem? - perguntei, notando o andar trôpego.
Uma nova vista da madrugada de Sydney
- Tudo, apenas um pouco cansada e bêbada - respondeu com sotaque claramente francês - Você é o brasileiro que vai morar conosco? - começava uma nova conversa (essa já não tão interessante e sem tanto nexo).

Logo ela resolveria dormir. Dedos ao teclado. Eles alternavam entre o presente texto e a conversa com amigos do Brasil cheia de saudade, quando abriu-se a porta do quarto das gurias. Melissa ainda não havia dormido e surgia de pijama para jantar em plena madrugada. Cozinhou algo e agora parece estar vindo juntar-se a mim na mesa. Bom, 02h.. Acho que vou conversar mais um pouco e depois ir dormir.