quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O chefe, a ética australiana e o primeiro pagamento

Após decidir mudar de trabalho, o próximo passo seria informar o antigo chefe sobre a minha escolha. Fui até o restaurante com os uniformes prontos para serem devolvidos. Visivelmente ele se surpreendeu com a notícia, assim como os colegas, com quem eu já estava me dando bem.

- Eu realmente agradeço pela oportunidade, mas acabei recebendo uma oferta próxima de casa que vai facilitar muito para mim. Gostei muito do trabalho aqui, mas acaba ficando muito distante, ainda mais quando saio nos horários em que já não há mais trens. Eu estou com os uniformes limpos - falei pegando a roupa na mochila.
- Mas você não voltará para trabalhar? - questionou.
- Na verdade vim aqui para contar a notícia e devolver os uniformes - respondi.
- Mas você lembra que havíamos combinado de você vir alguns dias dessa semana e depois veríamos a próxima, certo? - perguntou-me enquanto eu afirmava positivamente - eu entendo perfeitamente o seus motivos. No entanto, o mais correto seria você cumprir esses dias mesmo que não tenhamos um contrato e mesmo que, em seguida, você saia definitivamente.

Sinceramente eu não havia pensado daquela maneira. Como me desvincularia do restaurante, imaginei que poderia sair prontamente. Ainda por cima, já me sentia desmotivado para trabalhar ali, pois não teria metas a atingir no Tony Roma's. No entanto, lembrei do que haviam me falado sobre a importância que os australianos dão à palavra. Pela expressão no rosto do gerente, percebi que eu iria desapontá-lo. Ele esperava que eu estivesse presente mesmo que tivesse gente suficiente para cumprir todas as atividades. Realmente, o mais correto seria eu seguir aquilo que fora informalmente combinado.

- Eu virei sim. Desculpa, eu estava preocupado com a papelada do outro estabelecimento e não lembrei do que havíamos combinado. Não vou te deixar na mão. Tenho de estar aqui às 18h, certo? - prontifiquei-me.
- Ah, muito bom! Até as seis então - despediu-se satisfeito.
- Até mais! - respondi não com menos satisfação pela minha atitude.
- Daniel, antes de vir trabalhar, eu queria que você olhasse a sua conta bancária para confirmar se o pagamento da semana passada chegou corretamente - disse Farkas.

Chequei. O primeiro pagamento por um trabalho aqui em Sydney estava na conta. Três noites de serviço me renderam mais de 150 dólares. Segundo o nosso combinado, eu teria de retornar ao restaurante naquela quarta-feira e na quinta também. A vontade de voltar a atuar como garçom havia crescido novamente, mesmo sabendo que seria apenas por mais duas noites. A causa da motivação não era o dinheiro, mas sim a conversa com o gerente. Tive a confirmação plena do profissionalismo que eu havia notado desde a primeira vez em que conversei com o gerente Farkas. É exatamente sobre esse tipo de atitude típica dos australianos que eu havia sido alertado. Devemos jogar limpo e sinceramente com eles, assim o entendimento e todas as situações é mútuo. Eles dão valor a isso como poucos. Na verdade, eu mudaria aquele termo de profissionalismo para ética.

4 comentários:

  1. Olá Daniel,

    cheguei ao seu blog através da comunidade brasileiros na Austrália.
    Se tudo der certo chego em Sidney em 17 de Março, e estou muito anciosa. Pelo que você fala, orpotunidades de trablaho existem, mas você já tem certa fluencia em inglês neh? Eu estou indo com o básico, e acredito que isso seja um grande impecilho para conseguir um emprego. Em relação a líbgua, como você tem visto as oportunidade de trabalho? Elas existem para quem não tem fluência?

    Também estou fazendo um blog para contar minhas experiências, comecei ele em janeiro, para contar os preparativos da viagem também. Passa por lá. www.tudovaidarpeh.blogspot.com

    Vlw!

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  2. Oi, Kika!

    Aproveita essa ansiedade pré-viagem que é boa demais também. As oportunidades existem sim, depende de tu ires atrás. O meu inglês já tá bem legal e isso inegavelmente ajuda. Mas tenho alguns amigos que vieram com um inglês não tão bom que estão mandando muito bem. A evolução é super boa se tu te envolver com as pessoas que não falam português e se tu também frequentar bem as aulas e estudar. E mesmo pra aqueles que ainda não evoluíram vai ter oportunidades sim, normalmente são empregos mais simples, mas podem ser muito bem pagos também.

    O que vale é tu sempre tentar evoluir no inglês pq normalmente é um dos maiores motivos da viagem e pq vai facilitar a tua vida por aqui te abrindo portas profissionalmente e também nos relacionamentos.

    Vou dar uma olhada no seu blog. Segue lendo por aqui também e não deixa de perguntar quando tiveres dúvidas. Todo comentário é bem-vindo.
    Beijos!

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  3. mas tche, não entendi, tu já ta certo no outro?!?
    beijos (hoho quem será?! hauhauha)

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  4. Obrigada pela resposta Daniel!
    Imaginei que para quem não tem fluência seria mais difícil, mas é só correr atrás né?!
    Com certeza meu foco é o inglês, com tanto investimento se eu não voltar falando inglês daí, não falo nunca mais, rs.

    Vou continuar acompanhando seu blog!
    Boa sorte!

    Beijos!

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