quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A melhor oportunidade de emprego

Depois de quatro horas de sono e de uma prova no curso, ia para casa dormir durante o tempo livre do final da manhã. Quando entrei em casa, lembrei que o jogo do Grêmio estava prestes a começar. Desisti de ir para a cama. Assim que a partida acabasse, eu já teria de sair de casa para ir à entrevista no restaurante Tony Roma's. A vitória do meu time compensou o cansaço e um energético esquecido no fundo da geladeira deu um ânimo extra na hora ir às ruas.

Para variar, tive de encarar a combinação calça, tênis, camisa, centro, caminhada e calor de 30°C. Nada que fosse insuperável. Peguei um trem e cheguei cedo. Esperei faltar cinco minutos para o horário combinado (essa é a recomendação que recebemos para quando tivéssemos uma entrevista) e entrei. Fiquei impressionado com a qualidade do restaurante. O estilo dele é o mesmo do Outback, que existe em algumas cidades do Brasil. O estabelecimento é uma franquia da marca que surgiu nos EUA e hoje se espalha por vários países. Sobre essa e outras características do restaurante fiquei sabendo durante a conversa que tive com o gerente.

- O nosso serviço é padronizado em todos os 27 países nos quais atuamos. Prezamos pela qualidade da comida e a dedicação dos nossos empregados. Em troca, oferecemos uma boa condição de trabalho. Eu já sei o que preciso sobre você e agora você terá de saber um pouco sobre nós. Vou te entregar este material. Amanhã você deve trazer a cópia de seus documentos e eu te dou a outra parte do que deve ser lido para você estudar o nosso menu. Na terça-feira você deve ter lido tudo para ter conhecimento de como trabalhamos, então fará um teste - explicou o chefe em tom sério e burocrático, mas bastante educado.
- Parece ótimo. E a que funções eu estaria designado? - questionei enquanto recebia um polígrafo com mais de 50 páginas. Eu tentava imaginar que condições de trabalho seriam aquelas às quais ele se referia.
- Nós temos um sistema de treinamento diferenciado. No primeiro dia de teste, você atuará como runner, aquela pessoa responsável por retirar copos e pratos usados das mesas. Você também irá buscar na cozinha os pedidos para levar aos clientes. No primeiro momento, você não fará o atendimento direto - respondeu enquanto eu imaginava se "boas condições de trabalho" seria um modo de dizer bom salário.
- E como é a carga horária aqui no restaurante? - respondi, tentando aproximar a conversa do ponto aonde eu gostaria de chegar.
- Como eu disse anteriormente, você virá na terça. Se eu gostar do seu trabalho, você continua o treinamento durante uma semana, sempre trabalhando três horas por dia no turno da noite. Se tudo estiver bem durante essa semana, você será contratado - explicou o gerente.

Apesar do tom formal, eu estava gostando daquela conversa. A palavra que definia tudo aquilo era profissionalismo. Eles davam chance de eu aprender e de tentar. Se eu me saísse bem, eu mereceria a vaga e ficaria com ela. De maneira objetiva e sincera, o gerente explicou que, se o meu desempenho fosse satisfatório, eu poderia subir de posição, atendendo os clientes, lidando com os pagamentos e preparando alguns drinks no bar.

- No início, pagamos $14,50 por hora. Quando você evoluir, você recebe um aumento e pode trabalhar mais horas por semana. Nesse caso, você também poderá trabalhar nos finais de semana. Você deve estar imaginando por que isso seria uma vantagem - ele adivinhara o que eu me perguntava -  A vantagem é que no sábado você recebe 50% a mais por hora e no domingo o dobro - explicou.

O meu interesse pela vaga estava nas alturas. O salário inicial é bom, há possibilidade de ganhar uma nova posição e um aumento. Além disso, eu iniciaria em uma função relativamente tranquila e ainda receberia treinamento. Se me esforçasse, eu seria liberado para trabalhar mais do que três horas por dia e para ganhar uma baita grana no final de semana. Me despedi com o sorriso no rosto, ele retribuiu. Eu percebi que também conseguira conquistar esse chefe. De lá em diante, tudo dependia de mim, ler o material e desempenhar um bom trabalho durante alguns dias. Na terça-feira, faria o meu melhor e veria o que essa oportunidade me reservaria. 

Comparei esse com o trabalho oferecido na pizzaria italiana e decidi que deveria me focar no Tony Roma's. Teria de deixar uma oportunidade garantida para tentar uma incerta, porém mais interessante e promissora. Comentei com os guris e o Dudi topou tentar ocupar a minha vaga na pizzaria, uma experiência válida. Liguei para o chefe italiano e me desculpei por não poder atuar no horário que eles precisavam, pois a escola não teria liberado para trocar de turno. Eu tive de dar alguma desculpa. Agradeci pela oportunidade e falei que, se ele se interessasse, um amigo meu estaria disponível para tentar conquistar a vaga. Ele aceitou.

O Pozza já tem seu teste marcado em uma empresa de lavagem de carro, conseguiu na internet. Dudi irá acordar mais cedo amanhã para ir à pizzaria, com a indicação de um amigo. Nick, que largou seu currículo na porta de um restaurante italiano e já passou no teste, começa a trabalhar na segunda-feira. Eu, também através do currículo e do contato direto com o gerente, tenho meu desafio marcado para terça. O Murillo, mais criterioso e exigente, conseguiu hoje, por coincidência, um contato importante quando conversava com uma colega, e agora aguarda resposta para trabalhar em uma rede de escolas. As coisas estão se encaminhando cada vez mais para todos nós. As chances apareceram de maneiras diversas. Não há uma regra para conseguir emprego, basta se empenhar, até se ver em frente à oportunidade.

7 comentários:

  1. Fico feliz por todos estarem se dando bem!! Acho que tu fez bem em te focar neste. Afinal, ele deixou claro, que só depende de ti. Tenho medo de não conseguir me virar, não sei se o meu ingles está tao bom pra entender o que os gerentes iriam em falar =/ E olha só, observa bem como os funcionários trabalham. Tipo, se tu perceber, o outback tinha um atendimento diferenciado e bem treinado, todos os funcionários sempre te atendem muito bem animados e simpáticos. Tomara que dê certo neste! E fora trabalhar em restaurante, nao olharam como pedreiros? E em empressas, nao tem como? Bjs

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  2. Eh isso ai. Isso mostra mais uma vez que com esforco e empenho o emprego eh questao de tempo!

    Se quiserem dar uma volta nesse fds, nao tenho nada programado e eu posso mostrar um pouco da cidade pra vcs.

    Me de um toque.

    Paulo

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  3. Muito bom o Blog Daniel. Li ele todo agora. Estou me planejando para ter uma experiência como a sua. Provavelmente irem em Julho. Boa sorte e obrigado por dividir as experiências. Abraço.

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  4. O inglês é importante sim. Principalmente para falar no telefone. Alguns dos meus amigos conseguem se comunicar bem pessoalmente mas ainda pedem que a gente atenda por eles. Mas o inglês evolui rapidamente, ainda mais se tu te envolver com as pessoas daqui e sempre procurar praticar a língua. Alguns dos meus amigos chegaram com pouco inglês e depois de um mês estão realmente bem! Se tu quiseres, teu inglês melhora surpreendentemente rápido.

    Também há empregos para quem não tem um nível muito legal de inglês, como trabalhar em obra ou como cleaner. Alguns de nós se interessaram por obra, já que pagam muitobem mesmo, mas logo descobriram que obras apenas acontecem pela manhã, horário em que temos aula. Em vez de trocarem de horário, preferiram procurar emprego em outra área. Para trabalhar em empresas, tipo em escritórios o teu nível de inglês tem que ser maior, principalmente se tu tiver contato com o público. Normalmente o pessoal procura em restaurantes e bares por que isso tem em todo o canto por aqui é o que mais tem. Mas depende de ti, podes encontrar um trabalho diferente do normal se te informar e procurar bem.

    Obrigado pelo convite, Paulo! Vou dar um toque nos guris e ver se topam fazer algo daí te aviso.

    Lucas, que bom que gostaste do blog! Qualquer duvida pode mandar email que eu vejo se posso te ajudar em algo e a gente troca uma idéia. Segue acompanhando!

    Abraço a todos!

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  5. Oi Daniel, em primeiro lugar queria te dar os parabéns por você ter apostado na possibilidade de um emprego melhor ao invés da certeza de um emprego "mais ou menos". Eu trabalho aqui na Nova Zelândia no restaurante de um hotel, o salário minímo aqui é de NZD 12.75 e eu ganho NZD 13.00 ou seja, AUD 12.00 é realmente MUITO POUCO!

    Minha função lá no restaurante do hotel (no qual o sistema é buffet, ou seja, os clientes mesmo se servem) é basicamente a de runner, por issonvou tentar te dar umas dicas pra ver se você se destaca no teste... bom, em primeiro lugar: tenha em mente que vc tá trabalhando lá como GARÇOM e não como CLEANER ("limpando os pratos da mesa"), por isso, mesmo que você fique um pouco nernoso no teste, NÃO EVITE CONTATO VISUAL COM OS CLIENTES, mesmo quando eles tiverem na mesa, se você ver que um prato tá limpo vc fala "excuse me" olhando pra eles... caso esteja na dúvida se pode tirar o prato ou não (as vezes eles deixam os talheres em cima do prato mas ainda assim tem um pouco de comida), daí vc pergunta "excuse me, may I take your plate?", sempre sendo simpático. Bom, acho que o principal é isso... vc manter um minímo de contato com o cliente e tentar ser sempre simpático, no dia do seu teste, não se preocupe em pegar muitos pratos de uma vez só... tenha em mente que é melhor pegar poucos com segurança do que pegar vários e deixar cair ou quebrar algo.Quando não se tem experiência pode ser difícil equilibrar as coisas no começo, as vezes você pega um prato e a faca ou o garfo escorregam um pouco... e se um deles cair em cima do cliente vai ser constrangedor.

    Outra dica que não é tããão importante, mas que talvez seja boa pra te dar uma noção, é que é bom vc ter um pouco de cuidado na hora de pegar os pratos pra manter uma boa distância entre sua axila e o rosto do cliente, mesmo que não esteja com odor é uma sensação desagradável (pra eles). Bom, é isso... talvez eu tenha até falado demais, afinal é só um teste, mas fique tranquilo, não é difícil não. Tenha em mente aquilo que eu te falei primeiro de sempre manter contato visual com os clientes, até mesmo com aqueles que tão indo embora... sempre diga "thank you / have a good day / see ya / where's my tip motherfucker?" heuhuahuheuhae
    Brincadeiras a parte, isso com certeza pesará na decisão do gerente na hora de te contratar, pois vai passar uma sensação de que vc é mais "solto" e já tá mais confortável na posição do que os outros possíveis candidatos.

    Boa sorte aí, vá tranquilo que vai dar certo! =)

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  6. Oi Daniel, só pra acrescentar mais uma coisa... no outro tópico você escreveu:

    "A minha mão estava cheia de calos de tanto trabalhar com prato quente e água fervendo."

    Eu entrei lá no hotel sendo kitchen hand, eu lavava pratos também. Não usava luvas no começo primeiro porque as luvas de lá eram pequenas demais pra mim, segundo porque eu achava frescura. Resultado: depois de um tempo minha a pele de dois dedos meu começou a ficar irritada, daí eu achei que ia passar logo e que era besteira e que por isso eu não precisaria ir no médico, mas daí não passou, aí eu fui no médico e ele disse que tinha evoluído pra fungos. Enfim, tô com os dedos assim desde Setembro apesar de ter começado a tomar medicamento em Novembro eles não tão bons ainda, mas já tão bem melhores. Água quente + sabão é uma péssima química... peça pro seu amigo usar luvas lá, se eles não tiverem e ele ficar com vergonha de pedir, dê a dica pra ele comprar em qualquer mercadinho e levar pro trabalho. É uma prevenção que vale a pena!

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  7. Po, valeu mesmo pelas dias! Vou lembrar disso quando fizer o teste na terça!
    Vou avisar pro meu amigo tomar cuidado então.. Falando nisso ele saiu de manhã e ainda não voltou. Estou curioso para saber como foi lá.
    Abraços!

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