sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A música nas ruas de Sydney

Dar uma volta no centro de Sydney é como estar em um festival de música. Sons de todos os estilos, vindos de todos os tipos de instrumentos e tocados por todo tipo de gente. Quem não toca ou canta, dança. Mesmo fora do centro, em lugares menos movimentados, os artistas de rua podem estar presentes. 

Hoje, ainda em Artarmon, região onde eu moro, encontrei, acompanhado por Nick, uma garota que se apresentava em frente à entrada da estação de trem. Pouca gente passava por ela. Ninguém parava para ouvir a jovem cantora que usava tranças e um vestido rosa apagado. Sua beleza estava escondida. Seu único brilho era a voz. Nick e eu paramos no mesmo momento, como se tívessemos combinado. Ela cantava na rua para ninguém, quando passamos a ser sua platéia, seu único reconhecimento. Após a canção, sorrimos com admiração e parabenizamos. Quisera eu poder ter moedas para jogar no chapéu que estava junto aos pés da menina. Quisera eu ver mais moedas lá. Não pude contar mais de cinco. Estávamos saindo em silêncio, certamente com o mesmo sentimento, quase de pesar. Desejávamos que a garota fosse mais valorizada pelo seu inegável dom, que recebesse ao menos atenção. Antes de chegarmos ao topo das escadas, Nick mexeu nos bolsos, desceu súbita e rapidamente e deu sua pequena contribuição, os 70 centavos que tinha de moedas. Se nos sentimos bem com a felicidade que ela demonstrava durante a apresentação com a nossa presença, o sorriso de agradecimento por aquelas moedas foi impagável.

Chegando à city, os sons se misturavam. Em uma esquina da George Street, principal rua da cidade, dois jovens tocavam juntos, um na bateria e o outro na flauta. Do outro lado da avenida, um japonês de chinelo tocava guitarra sentado à porta de um prédio. Na Pitt Street, paralela à George, aparecem novas atrações a cada cem metros. Diferentemente da estação de Artarmon, o local estava lotado. Pessoas se acumulavam ao redor dos artistas, compravam CDs e davam suas contribuições. Nick e eu paramos diversas vezes para assistir aos artistas. Ficamos impressionados com a quantidade de moedas e cédulas (havia uma de $50 dólares em meio a outras de $20 e de $10). Um espanhol incrível tocando flamenco no violão com perfeição era o que mais lucrava. Merecidamente.


Acompanhamos, ainda, uma impressionante apresentação de japoneses adolescentes pulando corda e fazendo acrobacias no ritmo de rap.


Sophie, uma amiga americana que mora na Austrália desde os três anos, contou-me que já foi à rua se apresentar. Hoje, ela ensina a tocar violino, instrumento que aprendeu durante a infância. Nessa sua única experiencia na rua, faturou $270 em pouco mais de uma hora. Sophie contou, ainda, que a prefeitura de Sydney exige uma licensa para se apresentar. O contrato do artista manda que ele toque por não mais que 20 minutos no mesmo lugar. Passado esse tempo, ele deve ir para outro local. 

Nos finais de semana as regiões das principais praias são disputadas por banhistas e também por artistas. Outro dia, no calçadão de Manly, passamos pela mesma dupla da flauta e da bateria que havíamos encontrado no centro algumas vezes e por um engraçado garoto escocês tocando gaita de fole.


The Rocks, região da estação de trem Circular Quay (entre a Harbour Bridge e o Opera House), é um dos principais pontos turísticos. Encontramos por lá alguns representantes da cultura aborígene e uma garota discreta tocando trombone.
 
                                            

Depois de passarmos por The Rocks, chegamos ao nosso destino, uma loja de instrumentos musicais. Nick havia comprado um violão pela internet e devia buscá-lo. Havia mais de um mês que ele estava sem poder tocar, pois não trouxera instrumento algum para a Austrália. A casa também sentia a falta de um som ao vivo. Inspirado pelos artistas de rua, ele ficou durante cerca de meia-hora tocando o seu novo e simples violão ainda dentro da loja como se fosse uma preciosidade. A música de Sydney havia se acumulado dentro daquele artista. Já em casa, observando Nick tocar e cantar com tamanho prazer e talento, imaginei ele fazendo dinheiro nas ruas da cidade com aquilo que mais gostava. Se ele não escolhesse tocar em Artarmon, não seria difícil. Afinal, quem andaria pela rua e ouviria um som como o do vídeo abaixo sem deixar algumas moedas ou cédulas? Qual seria a sua contribuição?

11 comentários:

  1. no mínimo U$ 1.000, com o maior prazer...
    abs...Welton.

    ResponderExcluir
  2. Esse garoto está perdendo grana! Muito Show!

    ResponderExcluir
  3. O Nick deveria, tentar conseguir essa licença e tocar pelas ruas, nos horários que ele não trabalha e também não vai ao curso...
    Creio que ele só não faturaria muito, como também iria fazer o que mais gosta...

    Minha contribuição certamente não seria pequena, seria grande assim como o talento que ele possui.

    E uma dica pra vocês... já viram o filme "O som do coração" ?

    Se não assistiram ainda, aí vai uma dica de um filme bom e que trata sobre esse assunto! :)

    beijos pra vocês

    ResponderExcluir
  4. O Nick é muito bom mesmo! Fiquei de espalhar o video dele, conforme seu pedido, acabei esquecendo. Bah, violino... e tira uma boaa grana ,hem!! Pq vcs nao formam uma banda e vao pras ruas? hehehe Beijos

    ResponderExcluir
  5. Vou até ouvir de novo...

    ResponderExcluir
  6. Lali disse... Nick, vós linda, afinadíssimo, toca vilão muito bem, não falta nada para seguir a carreira solo. Vou escutar muitas vezes...
    PARABÉNS!!!!

    ResponderExcluir
  7. Fala Daniel, to acompanhando seu blog. ta legal, boa sorte pra vocês aí.

    Didgeridoo é incrivel, na australia tem de monte.

    Tem um artista que surgiu das ruas da australia, chamado DUB FX, um som, que digamos, diferente.
    Um rap com beat box, feito por ele mesmo.

    Segue os vídeos:
    http://www.youtube.com/watch?v=UiInBOVHpO8

    http://www.youtube.com/watch?v=WhBoR_tgXCI

    bem interessante.

    ResponderExcluir
  8. Acabei de escutar o som do vídeo do Nicolas, e realmente. Dá pra tirar uma grana legal na hora vaga.


    Ahhh, e sobre o vídeo que coloquei, não é rap. haha

    ResponderExcluir
  9. O Nicolas é muito bom, realmente um talento, parabéns, com certeza ganharia uma boa grana, quem sabe escutarei sua música ao vivo nas ruas de Sydney quando for pra lá visitar minha irmã, abraço e boa sorte para vocês, estou pensando seriamente em morar lá durante um tempo...

    ResponderExcluir
  10. Amazing,Fantastic, Brilliant, Excelelent, fabulous.....much better than axé...

    ResponderExcluir