domingo, 6 de março de 2011

A Parada Gay de Sydney

Ignácio negou até o último instante, mas cedeu. Ele iria conosco à parada gay de Syndey, chamada aqui de Mardi Gras. O nome vem do francês (significa terça-feira gorda, devido a uma celebração com comida farta que ocorria na noite anterior de uma quarta-feira específica para os franceses). A cidade inteira se mobilizava para o evento que ocorreria nesse sábado. Neste ano, o movimento visou promover o apoio ao casamento entre homossexuais. Gays, lésbicas, simpatizantes, heteros e curiosos em geral estariam presentes, mas Ignácio dizia que não era lugar para ele.

- Eu vou, mas não tenho nada a ver com esse movimento, vou para acompanhar vocês. E nem venham tirar fotos minhas! Aliás, eu serei o fotógrafo de hoje, Dani - afirmou, pegando a câmera da minha mão.

Ignácio nunca gostou de ser fotografado. No entanto, naquele momento, especificamente, não aceitaria correr risco algum de ter sua presença registrada. Todos sabemos que o nosso amigo não é preconceituoso, bem como todos nós, mas ele sempre sente necessidade de manter sua postura de machão pegador e galanteador.

- Mesmo lá eu provarei a minha capacidade de conquista. Até no meio da parada gay eu posso pegar mulher. Mulher de verdade, querem ver?

Chegamos ao Hyde Park, onde começava a concentração para a Mardi Gras. Foi lá onde a nossa diversão teve início. Figuras engraçadíssimas se exibiam esbanjando alegria. As cores do arco-íris superavam o verde das árvores. Pessoas de todos tipos, etnias e idades estavam presentes tirando fotos e rindo. Após receber algumas orientações, nosso fotógrafo do dia conseguiu obter alguns registros interessantes.

As primeiras figuraças que encontramos chamando atenção de australianos
Patriotas pelo movimento
Eu falei, gente de todas etnias e idades.
Nudismo = Igualdade + liberdade
Apesar de Ignácio tentar se mostrar contrariado, pudemos ver alguns sorrisos no seu rosto. Ele também estava achando tudo aquilo um tanto divertido. Porém, apenas nós conseguimos entrar na brincadeira.
Essa não...

Essa era de verdade
Depois do parque, seguimos o fluxo da multidão, que se encaminhava à região onde ocorreria a parada, Darlinghurst, área muito frequentada pelo público gay. A avenida em que ocorreria a parada é a mesma sobre a qual falei no post do meu primeiro teste de trabalho, Oxford Street. É lá onde trabalho atualmente. Tudo estava fechado por causa da Mardi Gras. Por isso eu estava de folga.

Ainda era dia e cada vez mais gente chegava. O caminho começava a ficar apertado para tanta gente. A estimativa, ainda não confirmada, é de que 300 mil pessoas estiveram presentes. Chegamos tarde demais para conseguir um lugar próximo da avenida. Enquanto a música rolava e as pessoas aplaudiam, nós buscávamos alguma brecha no meio do público para ver o que se passava no asfalto da Oxford. Tarefa difícil.

Em direção à avenida
A multidão começava a aumentar
O público tentava se aproximar do desfile
Apenas com a chegada da noite conseguimos alcançar as grades que separavam os espectadores da avenida. A chuva fininha também ajudou a dispersar algumas pessoas da beira da Oxford. Depois de tomar algumas cervejas, Ignácio já não se preocupava mais com as fotos. O interesse estava completamente voltado para as garotas. Era a oportunidade que tínhamos de registrar o que rolava na avenida. Após alguma insistência minha, ele deu uns poucos flashaços do desfile, mas sem muito sucesso.


- É o seguinte, o importante é não se enganar - aconselhou Ignácio - Tem muita mulher que parece mulher, mas que um dia já foi rapaz. Eu já sei como diminuir a chance de erros, temos de tentar conversar com as mais novas, pois, quanto mais jovens, menos tempo tiveram de fazer todas as alterações, entendem? As mais velhas já mudaram muito e ninguém quer correr riscos, certo?

Apesar dos goles a mais que Ignácio já havia bebido, a teoria dele fazia sentido. A dificuldade que tínhamos de  identificar a verdadeira identidade de algumas pessoas era um verdadeiro desafio. No entanto, ninguém estava dando muita bola para o que nosso amigo dizia. Até que ele, de repente, ele aparece com um grupo de amigas. Conhecíamos a capacidade que Ignácio tinha de se enturmar e conhecer garotas, mas estávamos surpresos. Em poucos minutos, estávamos todos juntos, conversando e rindo. Todas eram australianas com cerca de 20 anos. A tática havia dado certo. Grande Ignácio!


Passamos o resto da noite nos divertindo com elas. Estavam extremamente entusiasmadas com o fato de sermos brasileiros. Tudo o que falávamos do Brasil era o máximo para aquelas australianas. A alegria da noite só aumentaria dali em diante.

Assim como muitos daqueles que foram à Mardi Gras, Ignácio finalmente sorria sem se importar para o que os outros pensavam. Ele, é claro, feliz por estar acompanhado pelas garotas.

13 comentários:

  1. Esse foi o post com mais fotos!!!
    Parece ter sido animado.
    RR

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  2. Vem cá, gostaria de um depoimento do Dudi e do Murilo...que sufoco hem...e vc Alemão...só de olho...não pegou nada...que noitada...

    Carlos

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  3. Mas e ai alguém pegou as Australianas? Ouço com frequência que elas adorammmmm Brasileiros rs.

    Abraços

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  4. Achei o post tendencioso e esse Ignácio um preconceituoso, por mais que o post afirme diversas vezes que não.

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  5. Quem conhece sabe, nao ha preconceito algum no Ignacio, apenas talvez haja certa imaturidade para entender as diferencas.

    Eu nao precisaria sequer citar a falta de preconceito, mas o fiz para tentar evitar comentarios como esse.

    Quem escreve tem de ter nocao de como abordar certos temas que podem ser mais delicados para muitas pessoas, mas sobretudo deve ter respeito para apresentar a sua visao dos fatos. Mantendo o respeito tambem eh possivel cumprir a funcao a que me propus, de informar e divertir quem se interessar pelos textos. Com certeza a experiencia no Mardi Gras foi interessantissima e enriquecedora como todas as que tenho vivido aqui na Australia, tanto para mim quanto para o Ignacio.

    Quanto as austalianas, algumas podem ate nao dar bola, mas outras gostam mesmo de brasileiros. Aquelas gostavam.

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  6. Oi Daniel, achei massa seu post! Sou gay e tô indo morar em Sydney em Junho, acho que vou ter uma boa experiência aí, principalmente fazendo amigos. Não decidir qual bairro vou morar agora, mas na tua opinião qual(is) são os bairros mais GLS daí? A Oxford St fica no CBD?

    Abraço

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  7. Oi, Rodrigo! O local mais frequentado pelo público gay é mesmo darlinghurst, onde fica parte da Oxford, que é uma avenida bem grande. Essa zona fica no CBD sim. O local onde tem as baladas gays fica bem perto de tudo, dá pra ir caminhando até as principais estações. Não demora nem 10 minutos a pé.

    Abraço

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  8. Valeu Daniel! Sei que a Oxford St é uma avenida grande e que ela vai até o centro, mas o bairro Darlinghurst fica no CBD também? Porque ouvi dizer que o aluguel no CBD é muito caro! Cê acha que aluguel lá na Darlinghurst seria muito caro?

    Abraço

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  9. O Darlinghurst fica no CBD sim é dessa região da Oxford a que me referia. Tem alugueis viaveis na CBD sim e alguns bons mesmo! Olha, acho que procurando um pouco dá pra encontrar um lugar bom e barato. Mas tem que pesquisar e conversar com as pessoas.

    Abraço

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  10. Édy...
    Nossa muito show de bola seu blog daniel...E muito show esse post sobre a parada gay...Sou Gay e estou indo em Agosto para Sydney!!!
    Legal ve ht que não tem problema em ir numa parada gay sem preconceito isso é tão normal hoje em dia aqui no brasil, sou gay e tneho muitos amigos HT que vão ate em buates comigo pq lá tem o melhor som e tb sempre tem umas gurias hehehehe
    valeu

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  11. Muito, muito bacana!

    Vou pra Sydney em setembro e vou ficar em darlinghurst. Mas só agora estou sabendo que esta é uma região bem GLS! E te digo que ADOREI SABER! Hehehe!

    Bom, conheci hoje este blog e por culpa dele varei a madrugada lendo! Parabéns, cara!

    Só ficou uma pequena dúvida... o que é CBD? Aguardo seu retorno.

    Forte Abraço

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  12. olá! que bom que te interessaste pelo blog! CBD é a sigla pra central business district, o centro de Sydney. Siga lendo! Abraço!

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  13. Obrigado pela resposta, Daniel.

    Seguirei lendo com certeza.

    Forte Abraço

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