quarta-feira, 30 de março de 2011

A mudança de endereço e de rotina

O trabalho e a mudança de endereço tem intensificado minha rotina. Não poder me distrair e não ter muitos momentos de lazer nos últimos dias foi inevitável. Gosto de viver novidades, mas de um modo que eu possa respirar. Não posso reclamar, pois a mudança é válida, mas faltava-me tempo para descanso e, infelizmente, para o blog. Eu não vinha tendo disponibilidade alguma para ler meus livros ou revistas de turismo (as quais vem alimentando a minha ânsia por viajar). O bom é poder saborear as novidades. No meu caso, é ainda melhor poder dividí-las. A maior delas, o novo apartamento, não pode ser esquecido no retorno da breve pausa da escrita.

Faz parte da passagem de todo mundo que se muda para outro país. Ao menos uma vez, a moradia é novidade. Uma grande alteração na minha rotina aconteceu na última segunda-feira, quando tive de matar aula para arrumar as coisas antes de me mudar para o miolo de Sydney, o amontoado de prédios da city. Limpar banheiro e cozinha, aspirar o carpete e lavar a roupa de cama é obrigação quando se deixa uma casa. Cumprir a regra é assegurar de que o dinheiro pago na chegada à antiga residência (o bond ou cheque-caução) seja devolvido, mas, sobretudo, é questão de bom senso com aqueles com quem você compartilhou a residência. Feita a limpeza, é hora de juntar tudo, arrumar as malas e partir.

Em uma noite, fui apresentado aos meus novos companheiros de apartamento e conheci um pouco de suas histórias. Quatro franceses, um colombiano e um turco dividem hoje a casa comigo. Em breve, alguns deles sairão dando lugar a três brasileiros. A rotatividade dos flatmates é alta. Sejam quem forem, temos de nos adaptar aos hábitos deles. Dividir geladeira sem espaços específicos, não andar pela casa com calçados, preservar a privacidade dos outros e avisar a quando for ocupar o banheiro ou a máquina de lavar roupa para ver se alguém já estava esperando são algumas das coisas que devemos fazer para que a convivência seja agradável. Eu, no entanto, parecia fazer de tudo para começar com o pé esquerdo.

Fui direto até quarto usando tênis, acordei o francês da cama ao lado, esqueci meu telefone na cama (onde ele ficou tocando insistentemente), troquei os nomes franceses inúmeras vezes e tomei o suco do colombiano pensando que era meu. Tudo isso na primeira noite.

O constrangimento em cada pequeno vacilo foi inevitável, mas a cada erro desses, eu pedia desculpa e perguntava como eles costumavam fazer as coisas no apartamento. Admiravelmente educados e prestativos, pareciam compreender e não se importar com os equívocos iniciais. Explicaram tudo o que eu precisava saber e se prontificaram a auxiliar com o que eu precisasse. No final da noite, sentamos à mesa e jantamos juntos. Sempre muito atenciosos, procuraram me conhecer e saber sobre o Brasil e sobre a minha passagem pela Austrália. Como que sem lembrar das situações embaraçosas que eu havia criado, contaram suas histórias e suas vidas em Sydney. Apesar de tudo, a chegada ao novo apartamento não parecia poder ser melhor. Um dos motivos da mudança parecia já estar funcionando, foram horas de conversa sem uma palavra em português.

Entrar na intimidade das pessoas é um grande aprendizado. Ouvir o relato de um colombiano sobre as dificuldades da sua rotina com três empregos diários e da sua relação com uma namorada australiana vivendo do outro lado do país é como ler um livro ou ver um filme contado pessoalmente pelo personagem. Escutar a história de um viajante francês que conheceu toda a costa dos Estados Unidos antes de vir à Oceania não é menos interessante. Pareço ter reencontrado o tempo para o lazer e descoberto concorrência para os livros e as revistas de turismo.

2 comentários:

  1. Oi Dani.
    Que momento eh!!!!
    Um "menino" que atravessa os atlanticos e ganha de presente a maturidade e a sabedoria que incontáveis adultos, inclusive alguns com os quais compartilho esta minha existência, são incapazes de chegar perto, veja bem eu disse perto e isto quer dizer que estamos falando de o que uns 500, 700 quilometro...acho que é isto... e é isto porque só por hoje decidi ser generosa.
    Beijos Sr. Daniel, tenha um bom dia.

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  2. JULIANA DISSE...
    OI DANIEL, TODA MUDANÇA É VÁLIDA, PRINCIPALMENTE QDO. ELA VEM P/ACRESCENTAR, MAS MUDAR POR MUDAR, TALVEZ PELA ANSIEDADE POR NOVAS AVENTURAS,TEMOS QUE TOMAR UM CERTO CUIDADO...
    TEU BLOG É MUITO BOM... SUCESSO....

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