terça-feira, 5 de julho de 2011

Um dia especial

Era mais um dia ensolarado e frio no inverno de Sydney. Mais um dia em que eu trabalharia e veria meus amigos após o serviço. Há quem considere rotina um sinônimo de monotonia. Entretanto, os dias que eu vivia apenas aumentavam a vontade de aproveitar cada momento. Nunca uma rotina fora tão prazerosa e cheia de surpresas.

Saindo de casa após o almoço, eu percorreria o trajeto de sempre rumo à churrascaria. Ouvindo Jack Johnson no mp3 player, eu sorria e cantava admirando cada parte do caminho. Eu imaginava a falta que sentiria daquelas ruas assim que eu voltasse ao Brasil. Em alguns meses, cada local tão peculiar e tão presente nessa etapa da minha vida, simplesmente, ficaria para trás e se transformaria em memórias. Eu tentava adivinhar quais daqueles restaurantes, artistas de rua, vendedores e prédios que eu via todo dia fariam parte dessas lembranças.


Foi observando cada detalhe e cada personagem anônimo dessa minha rotina, que me deparei com um morador de rua da Oxford Street. Enquanto eu vivia um sonho verdadeiro e sentia a felicidade fazer meu sorriso crescer naturalmente, aquele homem, ainda jovem, estava, provavelmente, vivendo uma realidade oposta. Sentado na calçada, esticava o braço empunhando um chapéu para receber doações. Muitas vezes, passo por moradores de rua sem ser tocado por um sentimento de solidariedade. Infelizmente, essas situações acabam se tornando corriqueiras e não recebem de nós o valor que deveriam. Porém, naquele momento em que eu observava cada detalhe daquela rua, meu olhar se fixou no rapaz. Ele destoava da realidade perfeita que eu enxergava.


- Se você quiser tenho um pote com comida - ofereci quando lembrei da marmita que sobrara do dia anterior.


O sorrisso que havia saído do meu rosto ao ver a realidade do homem foi transferido. Quem passava a sorrir era ele.


- Muito obrigado, eu quero sim. Muito obrigado mesmo. Que Deus lhe abençoe e que seu dia seja muito especial - agradeceu largando o chapéu e pegando a marmita.


Depois da resposta, os dois estavam sorrindo. Assim, o desejo dele se realizou: o meu dia se tornava especial. Provavelmente aquela era uma das pessoas que ficariam guardadas na minha memória daquele local. Segui meu caminho. Ele ficou lá, segurando o pote como uma criança ao receber o tão esperado presente de aniversário. Ele nem imaginava que o aniversariante daquele dia era eu e que aquele sorriso seria o maior presente pelos meus 21 anos.

6 comentários:

  1. por que ainda não postou nada sobre as férias?

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  2. Devo postar logo, tenho algumas histórias legais, mas tenho que cuidar pra não perder totalmente o foco de falar da Austrália...

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  3. Dani, me emocionei com este teu dia especial... com o teu gesto lindo de amor ao próximo...que deixou esta pessoa tão feliz...
    Viu? a felicidade é um sentimento tão simples....
    Este foi um presente especial que DEUS te proporcionou no teu aneversário....Continues este
    menino abençoado.... Um beijo grande....
    Shirlei

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  4. E aí Daniel, blza? Bacana o seu Blog.
    Queria tirar algumas dúvidas com você se possível. Estou me programando de ir para Austrália próximo ano, mas estou com muita dúvida de qual cidade. Me falaram que Sydney lembra muito São Paulo. Correria, tudo é longe, custo de vida bem mais caro, muito brasileiro e etc. O que vc tem a me dizer sobre a cidade? É fácil de se locomover por aí? Demora muito mesmo para ir de um lugar a outro? É complicado de encontrar emprego mesmo para quem não tem um inglês bom?
    Pensei em ir para Brisbane, pois disseram que era uma cidade que não era nem tão parada e nem tão agitada. Mas tem o lado ruim que é não ter praia.
    Valeu!
    Rodrigo.

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  5. Rapaz, vc é ótimo! Adorei seu blog. Quero saber o final dessa história do Robinson com a aermoça kkkk!
    Irei para Brisbane ano que vem e estou pegando varias dicas no seu site.
    Vou deixar meu msn: pateugenia2 @ gmail.com
    Valeu, bjs!!

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  6. Valeu, Patrícia! Quase não tenho usado muito o msn, mas se quiser adicionar no facebook fica mais fácil de conversar. Pode procurar pelo email que não tem erro!
    O Robinson já voltou pro Brasil sem rever a Jodie... Pelo jeito, a aeromoça vai ficar só na memória.
    Beijos!

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