quarta-feira, 13 de abril de 2011

A adaptação: entrando na cultura australiana

Todo dia, essa cidade me reserva novidades. Fico entusiasmado com cada curiosidade que conheço por aqui. O encanto por morar em Sydney aumenta a cada vez que me sinto mais em casa. É esse um dos meus maiores desejos: voltar para a minha cidade de origem sabendo que me senti em casa, que me adaptei a outra cultura. Estarei realizado pois um dos objetivos que tenho é conhecer o máximo possível, sobre qualquer lugar ou qualquer pessoa que eu conheça. Tenho uma vontade insaciável de entender o que tem ao meu redor e de explorar o máximo possível. Quanto mais peculiaridades observo e compreendo, mais interessado me torno e mais me sinto parte desse povo.

É preciso ter certa sensibilidade para observar o que se tem ao redor e para perceber essas diferenças. Tudo tem um motivo para ser distinto e um valor a ser reconhecido. O mendigo que "mora" na entrada do prédio ao lado não está ali em vão. Sim, aqui também há mendigos. Não tantos quanto no Brasil, é verdade, mas não é raridade cruzar por alguns deles quando se dá uma volta no centro da cidade. O que me instiga é o motivo por estarem ali. Sabe-se que o governo australiano oferece um apoio consideravelmente bom para os "homeless", o que acabaria com a necessidade de estarem naquela situação. Alguns visivelmente tem problemas mentais, mas e quanto aos demais?

City Ranger
Aqui é o "primeiro mundo", o que para muitos não é 100% vantajoso. A Austrália, ou pelo menos Sydney, é conhecida por ter regras para tudo. Regras e penalidades. Isso é motivo de reclamação para muita gente. Um pé sobre o banco do trem pode resultar em um bolso vazio. Atravessar a rua com o sinal fechado para os pedestres custa 68 dólares caso seja flagrado por um dos City Rangers, os fiscais de infrações da cidade. Outra grande surpresa que tive foi descobrir que o uso do capacete é obrigatório para quem quer circular de bicilceta. Qual seria o problema de atravessar a rua com o sinal vermelho, no meio da madrugada, quando visivelmente não há tráfego algum? Não é exagero ser obrigado a usar capacete para dar uma pedalada? Há quem reclame dessas restrições. No entanto, seria realmente um defeito possuir regras como essas? Talvez seja mais fácil simplesmente julgar como algo negativo. Quem chega vindo de outro local sempre achará mais cômodo reclamar da burocracia e da falta de bom-senso, mas não pode se esquecer de que está em outro contexto. Considero louvável a atitude de quem espera mais de um minuto para atravessar a rua sem reclamar. Também acho admirável a obediência de quem passeia de bicicleta usando a proteção exigida. Prefiro me adaptar ao que encontro por aqui e fazer parte do contexto em que me inseri a ir de encontro ao que é diferente. Essa realidade tem motivos para ser assim. Pelo meu ponto de vista, isso é questão de respeito, educação e organização, o que não é desvantagem pela minha interpretação.

Ciclista prevenido
Eu me impressionei na primeira semana de Austrália quando reparei nas escadas rolantes. Não pela tecnologia ou pela quantidade em que podem ser encontradas por aqui. O que me surpreendeu foi a atitude das pessoas. Como em qualquer outro lugar, uns querem subir rápido enquanto outros, sem pressa, aguardam até serem levados ao final. Para facilitar a vida de todos, um comportamento diferente (ao menos para mim) é adotado: quem não tem pressa fica no lado esquerdo da escada e dá passagem, à direita, para aqueles que querem chegar mais rapidamente. Isso acontece como se fosse regra.

Há quem reclame da falta de lixeiras em locais públicos. Eu ainda não havia percebido isso, quando me chamara a atenção, mas é verdade: frequentemente não encontramos lugares para depositar o lixo. Notei que esses locais são justamente os mais movimentados, o que seria uma contradição. Nenhuma estação de trem possuía lixeira, por exemplo. O motivo? Risco de ataques terroristas. As lixeiras são consideradas locais propícios para a instalação de artefatos. Estranho, a Austrália não parece ter grande envolvimento com esse tipo de coisa, mas para eles vale a precaução. Entretanto, parecem ter começado a implantar uma solução para isso em alguns desses locais.

As lixeiras transparentes
Há quem vá ao supermercado toda semana e recorra sempre ao caixa convencional. Por que não tentar o automático? Isso é algo a que não estamos acostumados, o que já é motivo suficiente para experimentarmos. Por que não pedir ajuda para que o funcionário ensine a usar aquele caixa diferente? Essa é a oportunidade de experimentar uma coisa que para nós é muitas vezes inédita e que faz parte do dia-a-dia daquele povo.

Adaptar-se às pequenas coisas faz que eu sinta meu cotidiano mais próximo ao dos australianos. Aí vem o conhecimento, quando há um envolvimento cultural, um entendimento do modo de vida e uma compreensão das atitudes do povo. Povo que espera mais de um minuto para atravessar a rua e que dá passagem a quem está com pressa na escada rolante. Há muito o que aprender com eles, basta aceitar as diferenças e querer compreender.

4 comentários:

  1. no Canadá esse lance na escada rolante funciona também... nao vejo a hora de experimentar essas novidades! to chegando, 10 dias!!! :D

    bjo,
    Angel

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  2. Muito maneiro o post cara! Esse eh um dos principais motivos pela qual vou sair do Rio pra ir morar em Sydney... Aqui ninguem respeita nada, e nao existe o sentimento do "coletivo". Eh cada um por si e Deus por todos. Ha quem goste dessa zona, porem nao eh meu caso...
    Abracao e parabens pelo blog!
    Luiz

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  3. Muito legal o post, tu escreves muito bem Dani!

    Queremos post e fotos da visita ao Sydney Aquarium... :D

    Beijoo!

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  4. Seu texto é muito bom cara, parabéns.

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